No dia 4 de abril, o Auditório Garapuvu, em Florianópolis, testemunhou um marco histórico na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC): a primeira formanda a usar beca branca em uma colação de grau. Cynthia Luiza Ribeiro do Amaral, 41 anos, fez história ao concluir o curso de Serviço Social, realizando não apenas um sonho pessoal, mas também um gesto de respeito à diversidade religiosa.
Cynthia, seguidora do candomblé, decidiu utilizar a beca branca como forma de expressar sua identidade espiritual e honrar suas crenças. “Usar a beca branca durante a minha formatura representa principalmente a questão da garantia de direitos e da dignidade humana do povo de Axé”, ressalta. A decisão foi respaldada pela reitoria da UFSC, que reconheceu o direito à liberdade religiosa, assegurado pela Constituição Federal.
O processo envolveu uma colaboração entre diversos setores da universidade, incluindo a vice-reitora Joana Célia dos Passos e a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe). A Resolução 175/2022 da UFSC fundamenta a garantia desse direito, além de reforçar o compromisso da instituição com o combate ao racismo institucional.
Formatura de Cynthia Luiza Ribeiro do Amaral na UFSC (Imagem: Maurício Garcia/Arquivo Pessoal)
Embora celebrada como um símbolo de diversidade, a escolha de Cynthia também a expôs a situações de preconceito e violência. Apesar dos desafios enfrentados, ela não se cala e encoraja outros a denunciarem casos de discriminação. “É importante que a gente tenha essa informação porque é um crime que pode ser combatido agora”, destaca.
Combatendo a Intolerância
Para aqueles que testemunham ou são vítimas de intolerância religiosa, existem canais disponíveis para denúncia:
- WhatsApp da Polícia Civil: (48) 98844-0011
- Delegacia virtual: delegaciavirtual.sc.gov.br
- Disque 100 ou através do número 182
- Polícia Militar: 190
A trajetória de Cynthia na UFSC não apenas representa uma conquista pessoal, mas também um passo importantíssimo rumo à promoção da diversidade e ao combate à intolerância religiosa. A coragem e determinação dela inspiram não apenas sua comunidade acadêmica, mas todos os que lutam por igualdade e respeito.
