Chico Buarque, renomado escritor e cantor brasileiro, lança seu novo livro, “Bambino a Roma”, pela Companhia das Letras. A obra, que chega ao público enquanto o autor celebra seus 80 anos, mescla memórias e ficção para narrar sua infância em Roma, na Itália, durante o pós-guerra.
Em “Bambino a Roma”, Chico Buarque nos leva ao edifício da Via San Marino, 12, no bairro Trieste, em Roma. É ali, no apartamento 2, que um menino brasileiro de cerca de 8 anos vive as experiências de uma cidade ainda marcada pelos bombardeios e a escassez de alimentos. Este menino, chamado Francesco ou Tico, é o próprio Chico, que utiliza suas lembranças para tecer uma narrativa rica e envolvente, embora não se comprometa a ser totalmente autobiográfica.
Novo livro de Chico Buarque traz elementos de uma vida em transição
A narrativa aborda temas comuns a qualquer imigrante: a saudade dos sabores brasileiros, rapidamente substituídos pelas massas italianas, a adaptação a uma nova língua e cultura, e as descobertas da sexualidade. Tico também lida com a paixão pelo futebol e as dificuldades de se adaptar ao inverno europeu com as roupas trazidas do Brasil. A história se destaca por momentos emocionantes, como quando Tico encontra um livro de seu pai, Sérgio Buarque de Holanda, em uma livraria de Roma.
A família Buarque de Holanda em Roma
O pai de Chico, Sérgio Buarque de Holanda, foi convidado a lecionar na Universidade La Sapienza di Roma, levando a família para a capital italiana. Essa não seria a única passagem de Chico por Roma. Em 1969, ele se exilou na cidade com sua então esposa, Marieta Severo, após o endurecimento da ditadura militar brasileira com o AI-5. As memórias dessas épocas se entrelaçam na narrativa, oferecendo um panorama da vida de um expatriado.
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Memórias e ficções entrelaçadas
“Bambino a Roma” é um entremeado de lembranças reais e inventadas. Chico descreve com humor as marchinhas de Carnaval que invadiam sua mente durante missas e suas tentativas de ensinar português ao amigo italiano Amadeo através de músicas. A paixão pela atriz Leslie Caron, que se transfere para sua colega Sandrene, é outro tema recorrente. Além disso, Chico relata a honra de possuir uma bola de futebol que teria pertencido a Ghiggia, jogador uruguaio famoso por seu gol na Copa de 1950.
Capa do livro. (Foto: Reprodução/Bertrand)
Explorando a Roma Histórica
Chico nos guia por pontos históricos de Roma, como as Termas de Caracala, onde assistia a óperas com a família, e o Castel Gandolfo, residência de verão dos papas. A Villa Torlonia, antiga residência de Benito Mussolini, e a Villa Borghese, onde ele passeava com sua bicicleta, também são cenários importantes. A bicicleta, imortalizada na capa do livro, é uma homenagem ao clássico filme “Ladrões de Bicicletas”, de Vittorio De Sica.
Chico Buarque: um autor premiado
A Companhia das Letras planeja lançar “Bambino a Roma” ainda em 2024. Este lançamento ocorre no mesmo ano em que Chico completa 80 anos. Ele já é um autor consagrado com obras como “Essa Gente”, “O Irmão Alemão” e “Budapeste”. Em 2019, Chico foi agraciado com o Prêmio Camões de Literatura, dividindo o status com figuras ilustres como Jorge Amado e Rachel de Queiroz.
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