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Fotografia documental em exposição: um olhar sobre Stefania Bril

Explore a exposição de Stefania Bril e descubra o poder da fotografia documental no IMS.

Na movimentada calçada da capital paulista, em 1973, um menino repousa a cabeça em um carrinho de compras enquanto lê um gibi. A cena, aparentemente comum, captada por Stefania Bril, tornou-se uma de suas fotografias mais icônicas, intitulada “Menino lê gibi em carrinho de supermercado”. Esta é apenas uma das 160 fotografias expostas no Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo, na exposição “Stefania Bril: desobediência pelo afeto”.

A fotografia documental de Stefania Bril tem o cotidiano e a desobediência como temas centrais

A exposição, que começou na noite da última terça-feira (27), reúne obras tiradas principalmente na década de 1970. Nascida em Gdansk, Polônia, Stefania Bril teve uma vida marcada por adversidades, sobrevivendo ao Holocausto e mudando-se para o Brasil em 1950. Formada em química, começou a fotografar aos 47 anos, focando em cenas do cotidiano urbano. Suas fotos capturam não apenas a vida comum nas cidades, mas também as ironias e contradições presentes nelas, refletindo uma visão poética e crítica da realidade.

A fotógrafa do comum

Descrevendo Stefania como “uma fotógrafa do comum”, a curadora Ileana Pradilla Ceron destaca que a artista evitava temas políticos ou públicos, preferindo retratar a vida cotidiana com humor e afeto. Ela não se prendia a convenções, e suas obras, muitas vezes vistas como ingênuas, revelam um olhar único sobre a falência da modernidade urbana. Durante a repressão dos anos de chumbo no Brasil, suas fotos serviram como uma forma de resistência, documentando o cotidiano como um espaço de liberdade.