Pessoas com IMC entre 30 e 34,9 agora podem fazer cirurgia bariátrica, desde que tenham alguma condição de saúde associada. A mudança está prevista em nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada nesta terça-feira (20), e representa um avanço importante no tratamento da obesidade no Brasil.
Mudança amplia o acesso à cirurgia bariátrica
Segundo o CFM, a cirurgia bariátrica continua indicada principalmente para pacientes com obesidade grave, mas estudos recentes demonstram que pessoas com IMC mais baixo também podem se beneficiar quando enfrentam problemas de saúde associados. Dessa forma, o procedimento passa a ser autorizado para quem tem IMC a partir de 30, desde que haja doenças relacionadas, como:
- diabetes tipo 2
- doença cardiovascular grave
- apneia do sono grave
- doença renal crônica precoce
- doença gordurosa hepática
- refluxo gastroesofágico
Além disso, a resolução eliminou a exigência de tempo mínimo de convivência com a doença e de idade máxima ou mínima. Agora, pacientes de qualquer idade podem ser avaliados para a cirurgia, conforme a indicação clínica.
Outras mudanças incluem:
- A cirurgia deve ser feita em hospital de grande porte, com UTI e plantonista 24h
- O número de doenças associadas que permitem a indicação do procedimento foi ampliado
Adolescentes também poderão fazer o procedimento
Com as novas regras, adolescentes a partir de 14 anos também poderão fazer cirurgia bariátrica, desde que tenham autorização dos responsáveis e se enquadrem em casos de obesidade grave com IMC acima de 40 e comorbidades.
Para adolescentes entre 16 e 18 anos, valem os mesmos critérios exigidos de adultos.
Juliano Canavarros, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), afirmou que estudos mostram bons resultados nos adolescentes e que o procedimento pode ser uma ferramenta de prevenção para doenças futuras.
Cirurgia bariátrica pelo SUS ainda é minoria
Segundo dados recentes:
- Quase 90% das cirurgias são feitas por planos de saúde ou de forma particular
- Apenas 10% são realizadas pelo SUS
Mais de 8,6 milhões de brasileiros são obesos, de acordo com levantamento do ano passado, a ampliação do acesso à cirurgia pode ajudar a reduzir esse número.
Novas técnicas de cirurgia bariátrica são reconhecidas
A resolução do CFM também passou a reconhecer técnicas alternativas, especialmente indicadas em cirurgias revisionais, como:
- duodenal switch com gastrectomia vertical
- bypass gástrico com anastomose única
- gastrectomia vertical com anastomose duodeno-ileal
- gastrectomia vertical com bipartição do trânsito intestinal
Essas opções aumentam as possibilidades de tratamento individualizado para pacientes que não tiveram sucesso com procedimentos anteriores.
Além disso, ao reconhecer novas técnicas, o CFM contribui para tornar a cirurgia bariátrica mais adaptada a diferentes perfis clínicos. Ou seja, cada paciente pode receber uma abordagem mais eficaz, considerando seu histórico de saúde, seu corpo e suas necessidades específicas.
Dessa forma, a ampliação dos métodos cirúrgicos não apenas reforça a segurança do processo, mas também amplia as chances de sucesso no controle da obesidade e das doenças relacionadas. Portanto, as mudanças representam um avanço importante no cuidado com a saúde pública e na personalização do tratamento para quem mais precisa.
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