Categoria Sustentabilidade

Feira livre como tecnologia social resiste no século XXI

Pesquisa da UFMG revela que a feira livre abastece metade da população urbana no Vale do Jequitinhonha e responde por 25% do PIB agropecuário municipal, mostrando que essa tecnologia social milenar segue essencial no Brasil contemporâneo.

A feira livre não é apenas um espaço de compras, mas uma tecnologia social que atravessa séculos e culturas. Segundo pesquisa da UFMG, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, as feiras abastecem cerca de 50% da população urbana e representam 25% do PIB agropecuário municipal. Esses dados demonstram que, além de tradição, a feira é um motor econômico e social que garante sustento e fortalece comunidades.

Ademais, o estudo evidencia que a feira livre cumpre papel estratégico na segurança alimentar, especialmente em regiões historicamente marginalizadas. Afinal, ela conecta agricultores familiares a consumidores, sem intermediários, promovendo vínculos de confiança e preços acessíveis.

Feira livre e herança ancestral

Muito antes da colonização, povos indígenas já organizavam sistemas de escambo e trocas coletivas. Nos Andes, os tianguez reuniam milho, batata e tecidos; na Amazônia, encontros periódicos fortaleciam alianças políticas e culturais. No Brasil colonial, africanos escravizados recriaram práticas de comércio em feiras urbanas. Aliás, muitas mulheres negras venderam quitutes e artesanato, chegando a comprar a alforria de parentes.